segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Um dia de cada vez

Faz um bom tempo que não escrevo por aqui, e a única justificativa na qual consigo pensar e na mesma que uso para justificar tudo aquilo que deixo de fazer na minha vida: esqueci, não deu, faltou tempo... Resumindo: PREGUIÇA. Sei que tenho muitos defeitos, mas esse é incomparavelmente o pior deles. Até hoje tenho convivido bem com ele, mas isso porque desenvolvi uma série de mecanismos, criei atalhos, e tudo o mais que me permitisse viver a vida sem ter de pensar nas consequências que isso me traz. Para mim tornou-se muito mais fácil esquecer do que assumir meus defeitos, minhas inseguranças, medos, falhas... Muito mais fácil justificar do que aceitar. Prolongar do que resolver de uma vez. E é só isso o que tenho feito, prolongado problemas e perdido de vista as soluções, até que eu os perca de vista e acredite que passou sem que eu tivesse que aceitar as possíveis consequências de tê-los encarado e resolvido. Porém, com o passar dos anos, e acredito também que com as experiências se acumulando, essa situação vem ficando insustentável, as desculpas se esgotando e, como dizem "a água batendo na bunda". Minha mãe me disse um dia desses que o tempo passa, independentemente de fazermos algo com ele ou não. E meu pai sempre diz que "é melhor ficar vermelho 5 minutos que amarelo a vida toda". Na verdade, acho que eles me falam isso desde que me conheço por gente, e o que está acontecendo é que estou ficando velha demais para colocar os dedos no ouvido e fingir que não estou escutando. Ou, quem sabe, já quebrei tanto a cara por ai que finalmente o que eles falam faz sentido e eu posso finalmente seguir seus conselhos, ao invés de ter de cair mais uma vez para aprender sozinha. Fico me perguntando o porque de hoje, exatamente o dia de hoje? E, por incrível que parece, a resposta é simples também. Uma das coisas que mais me incomoda em mim hoje é o sobrepeso. Um fato engraçado, porque sempre gritei em altos brados que estar acima do peso não mudava em nada a minha vida, e, consequentemente, adquiri uma postura que não dava abertura aos outros se mostrarem incomodados. Acontece que isso vem mudando de um tempo para cá, comecei a perceber que, ainda que as pessoas não falassem ou demonstrassem, o fato de eu estar acima do peso sempre foi uma barreira, um diferencial, um ponto negativo a meu favor. Ainda assim, tentei ao máximo fazer como estava acostumada, contornar a situação, pensar que era impressão minha, que meu sobrepeso não influenciava em nada a minha relação com as pessoas. Tentei tirar isso da cabeça, repetir aquele terrível mantra "se eles me amam vão me aceitar como eu sou" ou "eu estou bem assim, porque mudaria". O que, infelizmente, não funcionou. Aos poucos fui perdendo a minha confiança, me boicotando... Até começar a creditar que eu não pertenço a esse mundo estando assim, que é errado, feio. Resumindo, fui de um extremo ao outro, do "miss confiança" ao "miss baixa-estima". Desastre total. Acontece, que esse mundo é feito pelo equilíbrio, não podemos ser muito ou pouco. Temos de estar na medida. O difícil é entender isso, aceitar e, por último, encontrar tal equilíbrio. Hoje, exatamente hoje, acho que encontrei o meu. Infelizmente não foi por uma situação boa nem agradável. Uma pessoa que eu conheço e que sempre gostei muito, por menos contato que tenha tido, estava em situação de sobrepeso semelhante a minha, e acabou sofrendo graves complicações pelo excesso de peso, encontrando-se no momento em cima de uma cama de hospital em uma situação bem complicada. Provavelmente, há alguns anos atrás isso passaria por mim sem causar grandes efeitos, com aquele pensamento "comigo não vai acontecer". Mas não hoje, não agora. Ao ver o desespero dos pais dessa pessoa, e, pior, ao ver meu irmão chorando por medo do que poderia acontecer, tive uma certeza: a de que eu preciso sim me livrar desse excesso de peso, preciso sim entender que isso não está ok. Mas que não devo fazer isso porque sou feia assim, porque é o que os outros acham certo, porque não vai ter espaço para mim no mundo se eu continuar desse jeito. Não porque sou melhor ou pior do que alguém. Mas preciso sim fazer porque não seria justo com aqueles que eu amo fazê-los sofrer por algo que eu posso evitar, ainda mais quanto já temos de sofrer por tantas coisas inevitáveis. E acho que o meu equilíbrio consiste nisso, em perder peso suficiente para não ter complicações que causem sofrimentos futuros, mas, ainda assim, me aceitar como eu sou, ou, como ficarei. Não buscando a perfeição, nem me punindo por possíveis e prováveis erros que eu vier a cometer no caminho. Sempre pensando que a felicidade está em conseguir realmente viver um dia de cada vez. E por viver hoje entendo entender e aceitar suas falhas, ter coragem para corrigi-las e não achar que é o fim do mundo se não conseguirmos. Porque, no final, o que vale sim, é estar disposto, de verdade, a fazer, a viver a realidade, e não a inventar desculpas imaginárias. 180/36

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Aquela que não se pode descrever.

Família. Por muito tempo pensei no significado dessa palavra. Mas quanto mais penso maior é a minha certeza de que a única palavra que pode definir uma ou qualquer família é: indescritível. Hoje, mais do que nunca, que qualquer outra época, lugar, realidade, encontramos as mais diferentes famílias. Desde aquelas ditas “tradicionais” até as novas “modernas”. Independentemente da sua constituição, seja ela formada apenas por pessoas que nós escolhemos, como a família de amigos com a qual somos presenteados ao longo de muitos e muitos anos, ou aquela onde escolhemos apenas alguns dos seus membros e os outros estão inevitavelmente amarrados pelo que chamamos “laços consangüíneos”. Lembro-me bem de quando era bem pequena e sempre que pensava na minha família o único sinônimo que surgia era perfeição. Porque nada mais no mundo me fazia sentir tão completa, tão plenamente feliz. Porém eu estava enganada. Com a idade vieram as imperfeições. Momentos em que cheguei a pensar que esses laços tinham sido desfeitos. Momentos como aqueles em que você escuta do melhor amigo que ele não pode ir com você àquela festa porque já marcou com a namorada nova de sair, e que você chora horrores achando que é o fim da amizade. Isso até no próximo dia, quando ele te liga contando da noite, querendo compartilhar cada detalhe e vocês riem como nunca. Ali tudo passou, não importa o quão turbulenta seja a relação entre os membros de uma família, por quantos momentos fáceis ou difíceis passamos. Por quantas vezes culpamos todos os outros pelos nossos fracassos, os responsabilizamos por, teoricamente, não termos chegado onde deveríamos. Ou por simplesmente terem curtido aquele cinema sexta-feira à noite enquanto você precisou ficar em casa estudando pra uma prova. No final, naquele momento em que você vê algum de nós conquistando algo que sonhou por muito tempo, ou nem sequer imaginava, se divertindo pra valer com uma brincadeira que nem teve graça, quando você se junta a ele pra falar mal daquele parente chato, pra traçar novas metas quando percebe que se perdeu das suas. E, principalmente pra se encher da coragem do outro, encarar aquela lagartixa que, na sua cabeça mais parece um dragão, e assumir para todos, gritando em altos brados “eu sou mesmo uma cientista social, a minha família pode nem saber o que isso significa, mas ela me apóia. E é isso o que importa para mim”. É ai, nesse momento, onde descobrimos realmente quem somos e podemos nos aceitar exatamente assim, é que encontramos nosso lugar no mundo. Pois temos a segurança, a certeza de que não interessa mais se o mundo não nos permite, não nos providencia um lugar especial nele. Porque o único lugar no qual nos encaixamos perfeitamente, independentemente da forma de cada um, é na nossa família. E aí, quem se importa se não conheceu todos os países do mundo, se não tem o melhor emprego, o melhor corpo e três mestrados. Se formos PHD na matéria mais difícil que existe: aquela que não se pode descrever.

sábado, 22 de janeiro de 2011

"Com a combinação certa de paixão, coragem e manteiga, tudo é possível" (Julie & Julia, filme)

Foi nesses dias, mais precisamente no Natal, depois da ceia, naquele momento onde você não aguenta comer nem mais o açúcar com canela da rabanada, quando a pilha de louça suja parece ter ganhado proporções de desenho animado e tudo o que você consegue fazer é pensar em como a sua cama estará quente e em se jogar nela num sonho alucinado com papai noeis, renas do nariz vermelho e homenzinhos verdes da orelha pontuda (ou será que o chapéu que é verde e pontudo? Tanto faz), na esperança dele se tornar realidade e você acordar com uma pilha de presentes no pé da sua cama (ainda que saiba que a sua casa não tem lareira para o Pai Natal, no caso do velhinho ser português, descer). Que, ao invés de nos deixarmos tomar por esse intenso desejo, resolvemos entrar no espírito do Natal e voltar, mesmo que por ínfimos minutos, a ser criança. Não, não tiramos as nossas bonecas dos seus esconderijos secretos, também não fizemos guerra de travesseiro e nem saímos pela casa gritando e quebrando todos os pertences mais preciosos da mamãe. Apenas acessamos a internet, abrimos um site ai meio famoso e começamos a assistir aqueles filminhos (que pessoas que não tem mais nada para fazer passam horas e mais horas editando, pelo menos é o que eu acho). Sabem aqueles que são repletos de musiquinhas e fotos de tudo o que você mais gostava quando era criança, tudo aquilo que faz você dizer que no seu tempo as coisas eram realmente boas, de verdade mesmo... A ponto de pensar que, quem sabe, se elas ainda existissem, se ainda fizessem parte do seu cotidiano, sua vida hoje seria tão feliz, fácil e fantástica como era quando a sua maior preocupação era o sabor do chá que você ia servir para os seus ursinhos ou qual a desculpa que inventaria a fim de cabular o próximo banho. E ficamos nessa, cantando, dançando, tentando nos lembrar dos nomes daqueles desenhos realmente desenhados, nos espantando com como o tempo passou e como podemos ter esquecido ("cara, olha, o Pink e o Floyd! Adorava quando ele falava 'vamos fazer o que fazemos todas as noites, tentar dominar o mundo'"). Até que aquele cara pequenininho do chapéu pontudo e a orelha verde nos levou para a cama.
Depois dessa noite não tinha voltado a pensar nessas criancisses até hoje. Todas as vezes que alguém me falava, em uma situação de não-natal, aquela célebre frase "porque na minha época", eu tentava justificar argumentando que tudo evolui, e, portanto, os desenhos e as criancisses devem acompanhar essa evolução. Mas hoje não, hoje vi algo que não posso, nem quero, justificar como sendo evolução, pois para mim é um retrocesso dos mais atrasados. Não está entendendo? Vou explicar. Estava eu hoje, na maior preguiça de um sábado de manhã assistindo televisão portuguesa, quando começam os comerciais. Até ai tudo bem, eu naquela sonolência, mal prestando atenção, quando ouço a seguinte frase "Ninguém resiste a um pão com a nova Planta. Novo creme vegetal sabor manteiga. Porque resistir?" Para os que não sabem, a margarina Doriana do Brasil aqui chama Planta. Mas é isso mesmo! É o fim do mundo! Ou, plagiando o Felipe Neto, margarina com gosto de manteiga não faz sentido! Eu juro que posso entender e até tentar justificar aqueles que tentam enfiar goela abaixo das crianças esses desenhos sem sentido de hoje, os brinquedos cada dia mais ultragaláticos, ignorarem a pobre da vaca e falarem que o leite que "nasce" já dentro da caixinha (desde que não escreva sabor vaca na frente) e o fato de a nova geração praticamente saber digitar e navegar na internet antes mesmo de falar gugudadá. E que tento me adaptar a isso fazendo de conta que realmente sei o que é um Bakugan (para aqueles que não sabem é só googar que descobre). Mas para mim essa tal margarina sabor manteiga já é um pouco demais, para não dizer a gota d'água. Quer dizer, a diferença entre manteiga e margarina é muito mais que o gosto, é textura, naturalidade contra artificialidade (se é que essa palavra existe)! Resumindo para não ser chata, a diferença entre manteiga e margarina é simples: uma derrete se você deixar fora da geladeira, a outra fica igual pro resto da vida.
Porque resistir? Porque o próximo passo que vejo depois de margarina sabor manteiga é o dia no qual poderemos enfim dizer às crianças "meu filho, não esqueça de deixar o leite sabor vaca e o biscoito de chocobrócolis com bastante margarina sabor manteiga tudo light pro Papai Noel na porta, porque você sabe, como agora ele só chega pela escada para deixar os presentes, ele está magrinho, magrinho, bem light... Ah, e coloca um pouco mais porque aqueles caras do chapéu chato e orelha azul vem também" (ou seria orelha chata e chapéu azul?).







PS: deixo aqui o link com o vídeo da propaganda para os que não acreditaram (eu peço desculpas por ter chocado vocês dessa forma, mas é a realidade) e uma foto, pode ser doloroso olhar para isso, mas após uma pesquisa descobri que a marca Becel também aderiu a moda da margarina sabor manteiga.











quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Boliche dos Deuses, monstros no armário e a minha Super-Mamãe!

"Sabe, te pegar e te dizer que tudo vai ficar bem. Isso é o que as mães deveriam fazer. Elas não deveriam ser a causa da sua dor. Elas deveriam fazer a dor sumir. Elas deveriam te segurar e dizer que tudo vai ficar bem. Deveriam dizer que trovões são anjos jogando boliche. Que está tudo bem ter medo do escuro e que não é bobo pensar que existem monstros no armário. E que tudo bem se você quiser dormir na cama delas, apenas essa noite, porque é assustador estar no quarto sozinho. Elas deveriam dizer que tudo bem ter medo, e não ser a razão do seu medo. E, o mais importante, elas deveriam te amar acima de tudo..."


Se é isso que uma mãe precisa fazer para ser MÃE, então posso dizer que a minha é uma MAMÃE. Ou uma MÃE super-heroína. Digo isso porque se as mães devem dizer que está tudo bem ter medo, e os super-heróis supostamente salvam vidas. E a minha super-mãe, não apenas me ensinou que está tudo bem ter medo, como já salvou a minha vida duas vezes.
A primeira vez foi em 07 de setembro de 2003, no meu primeiro colegial. Eu estava estafada, tinha mudado pra um novo colégio, muito mais exigente que o anterior, passava por uma daquelas típicas crises de adolescente, achando que o mundo conspirava contra mim, que eu era o mais errado dos seres. E, ao invés de rir de mim, de falar que ia passar, que era um período momentâneo. A minha mãe percebeu que para mim não era bobeira, que eu não conseguia mais me levatar de manhã para ir para a escola, que queria a todo custo fugir, correr para o mais longe que pudesse. Abrir mão de tudo. E, foi nesse momento, quando mais ninguém me via, que ela chegou, me chamou e disse: "minha filha, eu sei que não é fácil, que você pensa que seria bem mais fácil largar tudo. Desistir. Eu sei que isso pode parecer que doeria menos. Que, daqui pra frente tudo será cada vez mais e mais complicado. Mas sabe, eu posso te garantir que isso é temporário, que vai chegar uma hora em que você começará a colher os frutos de tudo o que plantou. Se não quer acreditar em mim não precisa. Mas vamos fazer um acordo? Hoje você está com quinze anos, me dê 10, apenas 10 anos. E o que é isso na vida de alguém? Se daqui a dez anos, se quando você estiver com 25, você não começar a colher os frutos de tudo o que você plantar, se as coisas não forem da forma que você quer, então eu pedirei desculpas. Só tem uma coisa, você precisa pensar nesses anos como um período de preparação. Isso, um período onde você estará se preparando para colher as melhores coisas que a vida pode te dar. E, depois disso, o mundo será seu. Confie em mim".
Eu? Eu confiei. Desde aquele dia que a cada momento eu só pensava nisso, na minha preparação. A cada obstáculo, cada dificuldade. E isso resultou. Passei do primeiro, do segundo, do terceiro colegial. Entrei para a faculdade, me mudei de cidade. Conheci gente nova, briguei com essa gente nova, conheci outra, reconheci gente antiga. Aprendi a fazer faxina, a pagar conta e o que acontece quando você não faz uma das duas, ou as duas. O mais importante, saí da faculdade! Me formando no meio de mais 7, de um total de 43 que entraram. Voltei para casa, mais perdida do que estava quando saí de fronte ao novo mundo. Fui embora novamente, dessa vez para o velho mundo.
E, aqui, nessa terra onde tudo acabou, eu me perdi. Eu que desde pequena aprendi que "se eu sabo eu sabo, se eu não sabo eu não sabo", mesmo que no fundo tivesse a certeza de que sabia tudo, desaprendi. Desaprendi, simples assim. Comecei a pensar que aquela história de que quem aprende a andar de bicicleta nunca esquece é a mais pura mentira. Porque aqui, na minha ância em me achar, eu me esqueci. Me esqueci de como sempre sonhei em explorar o mundo, me esqueci o quando amo ciências sociais e do quanto acho o capitalismo uma merda. Me esqueci que, independentemente de estar longe, são a família e os amigos quem realmente importam. Que eles sempre, SEMPRE estarão ali, bem ali. E que aqueles que verdadeiramente te amam viram te socorrer ainda que você não peça socorro. Foi disso que eu me esqueci, e o que eu encontrei com isso foi algo que eu nunca havia sentido antes, infelicidade e solidão. Me lembro de ser pequena e pensar como é que alguém poderia dizer que não era feliz. Eu era feliz, eu sempre fui feliz. Sempre pude olhar pra aqueles que me amavam e ver isso dentro dos seus olhos. E era o que me bastava. Mais que tudo, me esqueci de me preparar.
E foi ai, no meio disso, que a minha super-mãe me salvou pela segunda vez. Salvou a minha vida pela segunda vez. Quando, por uma tela de computador, eu disse para ela, novamente, que queria ir embora, que não queria mais. Que ela olhou pela webcam dentro dos meus olhos com uma visão de raio laser (mais potente que a do super-homem), e viu a infelicidade, a solidão. Nesse momento, nesse exato momento, ela tinha tudo, todos os motivos do mundo pra virar e me falar "volta, a sua cama tá aqui, nós só precisamos montar". E não disse. Pelo contrário, ela respirou fundo e falou "eu acho que você deveria ir trabalhar amanhã". Pode parecer besteira ou, até mesmo um tanto insensível. Mas só aqueles que realmente amam e sofrem, sofrem e amam imensurávelmente, conseguem entender o tamanho dessas palavras.
Agora falando diretamente com você super-mamãe: "eu sei o quanto isso te custou, o quanto foi difícil não me falar para voltar. Não apenas por estar com saudade, não apenas por ser instinto de uma mãe querer colocar o filho no colo quando ele está triste. Mas também por tudo o que você tem passado, por todo essa tempestade que está revirando o mar que cerca a minha ilha nesse momento. Nunca se esqueça que, se o mar revolta, a ilha sente. Então, obrigada. Obrigada por, com essas poucas palavras, me lembrar de tudo o que eu havia esquecido. Por mais que elas não possam substituir seu carinho, seu abraço e beijos. Me trouxeram de volta, e, às chacoalhadas, reavivaram a memória do nosso plano (não mais tão secreto agora), nosso acordo. Agora faltam menos de 3 anos, já pensou nisso? Muito obrigada. E pode ter certeza que eu cumprirei as duas promessas que te fiz. A daquele dia e a de ontem, minha super mamãe. Te amo, mais, muito mais. Afinal, o que é uma ilha sem mar?"


"...Elas devem ensinar que, sim, há monstros, e está tudo bem ter medo deles. Mas não está bem deixá-los vencer..." (J.J., Criminal Minds).

PS: Eu disse que Camélias rosas existem. =)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Calcinha Nova

Dia 30 de Dezembro de 2010
Lista do que preparar para a Virada:
- Uvas - OK
- Lentilha - OK
- Romã - OK (depois daquela briga com a senhora do carrinho que queria comprar a última no supermercado)
- Folha de Louro - OK
- Leitoa para a ceia na casa de praia da Cidinha - OK
- Champagne - OK
- Barquinho com oferendas para Iemanjá - Buscar amanhã às 7
- Roupa do Ricardo - OK
- Malas para a viagem - OK
- Carteira nova - OK (presente do Ric no Natal, chiquérrima!)
- Lista de promessas (promessas não, pretensões) pro Novo ano - OK (dessa vez eu cumpro!)
- Minha roupa da virada - quase...

Falta a calcinha nova. E agora, isso é importante, muitíssimo importante! Isso pode influenciar muito a minha vida nesse ano fresquinho que chega...
Já sei, amarelo! Dizem que dinheiro não trás felicidade, mas que ajuda, ahhhhh como ajuda! Mas, pensando bem, já tive que trocar de carteira para que nessa caiba as sementes de romã, de uva, as folhas de louro e a lentilha. Tudo isso pra não faltar grana esse ano, então acho que com a calcinha posso me focar em pedir outras coisas. É, isso, amarelo não.
Qual cor então? Vermelho! Isso, paixão nunca é demais! Eu sei que o Ric é supeeeer apaixonado por mim, mas não adianta reforçar, não é? Mas... Pesando bem... Melhor que uma paixão é um amor! Pronto, decidido, rosa! Mas... Se ele diz todos os dias que me ama, será que eu preciso pedir isso? Não quero que ninguém me ame porque usei uma calcinha rosa na virada do ano, e sim porque ama. Melhor não usar rosa.
Qual cor? Hummm o que eu preciso? Branco é paz, isso não seria uma má ideia, mas a roupa já é branca. Verde significa esperança, mas esperança para que? Não, não fico bem usando verde.
Azul! Isso, azul!!! Azul é energia, vibração!!! É exatamente isso que eu preciso. Todos os anos eu sempre prometo na virada que vou deixar a preguiça de lado e começar a malhar todos os dias. A preguiça e a gula, eita pecadinhos safados esses. Primeiro mês vai que vai uma beleza, depois... Bom, depois é depois. Os outros anos são passado, esse ano, com essa calcinha azul cheia de vibração e energia positiva nenhuma delas vai passar nem perto de mim!

Dia 31 de Dezembro de 2010 - Momentos antes da virada.

Querido diário, é isso, daqui a algumas horas chega o novo ano. Até aqui tudo perfeito! Consegui comprar tudo, não faltou nada. E ainda por cima vou arrasar com essa roupa! As meninas vão morrerrrrr de inveja! E o Ric então, vai me amar pro resto da vida! Isso antes mesmo dele ver a lingerie azul ma ra vi lho sa que eu comprei. Não vejo a hora de estreiar! Azul, a escolha ideal, e o modelo então... hummmm Bom, preciso ir, logo tá na hora de estourar os fogos. Só não posso esquecer de pegar um pedaço daquela leitoa com muita pururuca para levar de volta amanhã, ela esquentadinha no forno é uma delicia no outro dia. Não posso deixar ninguém ver, não quero que pensem que sou mão de vaca. Ai, outra coisa, preciso lembrar de cortar a etiqueta dessa calcinha, tá me incomodando pra xuxu, como uma coisa tão pequena pode irritar tanto? Sorte sua que é um diário e não usa calcinha. Eu sempre esqueço de cortar a etiqueta das minhas, dá tanto trabalho pegar a tesoura... Ah, deixa isso pra lá! Ano que vem eu corto...




domingo, 3 de outubro de 2010

Para Voínha


"JUNTO À MINHA RUA HAVIA UM BOSQUE, QUE UM MURO ALTO PROIBIA. LÁ TODO BALÃO CAIA, TODA MAÇA NASCIA E O DONO DO BOSQUE NEM VIA. A FELICIDADE MORAVA TÃO VIZINHA, QUE DE TUA ATÉ PENSEI QUE FOSSE MINHA. EIS QUE CHEGA A RODA VIVA E CARREGA A FELICIDADE PRA LÁ. SIM, VAI E DIZ, DIZ ASSIM, QUE EU CHOREI, QUE EU SOFRI. QUE EU QUERIA SER UM TIPO DE COMPOSITOR, CAPAZ DE CANTAR ESSE AMOR. COM TANTAS PALAVRAS, QUE EU CONHECIA, SÓ POR OUVIR FALAR. DIZ QUE EU TINHA MÃOS DE JARDINEIRO, QUANDO TRATAVA DE AMOR. MAS HOJE EU SONHEI CONTIGO. SONHEI QUE O FOGO GELOU, SONHEI QUE A NEVE ARDIA, SONHEI QUE... E SE DERREPENTE, A GENTE NÃO SENTISSE A DOR QUE A GENTE FINGE QUE SENTE. NÃO SE AFOBE NÃO, QUE NADA É PRA JÁ. CANTA, CANTA UMA ESPERANÇA, CANTA, CANTA UMA ALEGRIA. JÁ QUE SEMPRE RODA MUNDO, RODA GIGANTE, RODA MOINHO, RODA PEÃO. O TEMPO RODOU NUM INSTANTE, NAS VOLTAS DO MEU CORAÇÃO."

Voínha, eu pensei muito no que eu poderia dizê-la hoje, um dia tão importante em tantos sentidos. Será hoje, no dia em que a senhora completa 70 anos, elegeremos a primeira mulher para presidente do país? Encaro essa "coincidência" como uma homenagem à alguem que fez tanto pela política e pela democracia do nosso país.
Diante desses fatos extraordinários, não poderia encontrar no mundo palavras minhas que pudessem descrever tais acontecimentos. Por isso, recorri ao querido Chico. Quem melhor para dizer-lhe o que eu gostaria, que o autor da trilha sonora da sua vida.
Bom é isso, mesmo longe, essa foi a forma que eu encontrei para falar PARABÉNS!!! QUE ESSA RODA VIDA CONTINUE A GIRAR POR MUITOS ANOS.

Saudades!!! Beijos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Olhar, Ouvir e Escrever

Assim começou esse post...

!!!Angelinha!!! Liberté diz:
*a então
*eu to aprendendo uma coisa
*lembra do roberto cardoso de oliveira
*olhar, ouvir e escrever
*tenho a impressão que com muita calma e cautela é isso que devemos fazer sempre
*e quando falar pensar muito bem antes
*e mostrar nossas idéias nem sempre é tão necessário quanto pensamos
*mas que no momento certo, com as atitudes certas e com as palavras certas
*a gnt pode até conseguir depois de muito sacrifício mudar algo
Lígia... http://cotidianoexcepcional.blogspot.com/2010/09/coisas-que-so-se-pode-imaginar-aqui.html diz:
*que lindo isso que vc escreveu amiga! E sabe, pensando bem... É só o que eu tenho feito aqui...


Ontem eu fui a um festival chamado Festa do Outono, é uma festa típica. Não diria típica daqui, mas sim típica de quase qualquer lugar do mundo. Pois esta, como todas as outras, tem música local, comidas e danças locais. Famílias, no mais amplo sentido que a palavra possa ter, reunidas em um dia extraordinário, onde os problemas são deixados de lado e o que vale é aquele sentimento de união, de pertencimento.
Pertencimento, essa palavra existe? Bom, não sei. Só sei que foi nela que pensei ontem o dia todo durante o festival. Pensava nela e me perguntava o que eu fazia ali. Era claro que eu não pertencia àquele lugar. Claro para mim, não para os outros, que nem ao menos se deram conta da minha presença (todos, menos o menininho que me pediu pipoca, ele realmente notou a minha presença, ou terá sido a presença da pipoca?), para eles o que era importante era aquele momento entre os seus, não os outros.
Foi um sentimento engraçado. Eu sabia que não fazia parte de nada daquilo, mas alguma coisa me reconfortava. Alguma coisa, no meio daquelas pessoas, daquelas barracas, daquelas músicas e cheiros, me lembrava a Festa Uai e me fazia pensar que estava tudo bem. Que eu não estava invadindo o espaço de ninguém, que um pouquinho daquilo podia ser meu também. E isso me fez ficar até o finzinho da festa, roubando um pedacinho do que é deles.
Acho que era sobre isso que a MS (Angelinha pros menos íntimos) estava falando. Penso que é isso que nós, Cientistas Sociais aprendemos a fazer durante os quatro anos de graduação e que, sem percebermos, acabamos trazendo para nossa vida. Aprendemos a OLHAR, OUVIR e ESCREVER. E acabamos por fazer isso o tempo todo...
Só que, em algum momento desse processo, fazemos o que eu fiz lá no festival. Nos tornamos íntimos daquilo que observamos e ouvimos. Passamos a fazer parte. Isso é certo? Não deveríamos pedir permissão? Sinceramente não sei. O que eu sei é que acaba por tornar-se um processo natural. E, quanto mais convidativo e estranho é o mundo que está à nossa volta, mais esse processo se aflora.
Aqui a sensação que eu tenho é essa. a de que estou constantemente Olhando, Ouvindo e correndo para escrever. Para registrar. Acho que ultimamente essa tem sido a única forma de eu expressar meus sentimentos. De realmente "mostrar" o que penso, o que essa minha cabeça maluca processa. Já que, como disse sabiamente a MS, aqui, mais do que nunca, falar é algo que demanda um exercício de reflexão enorme. Parece que estamos sempre "a pisaire em ovas"!
Isso é bom! Pode parecer que não, mas dizem que saber ouvir é sempre melhor que falar...


PS: Depois posto as fotos...